TESE DE DOUTORADO de Humberto Barros: "Toy Art: o mito e os diálogos com a cultura dos Bate-bolas:" O trabalho sobre Bate-bolas do grupo DHIS, que contempla a tese Toy Art: o mito e os diálogos com a cultura dos Bate-bolas e sua coleção de toy art, foi selecionado para o congresso MX, Identidades e Transiciones, na Cidade do México, onde estrearia a exposição, em novembro de 2019. No mês seguinte aos eventos no México, surge mais uma oportunidade de expor o trabalho. Dessa vez, em um evento do Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (INEPAC), na Biblioteca Parque no centro da cidade do Rio de Janeiro. Assim, o trabalho do grupo DHIS mostra-se, também por inteiro, no I Seminário Patrimônio Imaterial INEPAC, com seus diversos olhares, a partir do design, para os Bate-bolas, e a exposição de toy arts é montada novamente.
Quando a participação no congresso MX, Identidades e Transiciones, na Cidade do México, foi confirmada, e com o acréscimo da realização de uma exposição de toy arts Bate-bolas no evento, fez-se necessário acelerar o processo de término das peças e a criação de soluções para a exposição de cada toy individualmente e a concepção e produção de alguns itens extras para a realização do projeto completo. O grupo DHIS foi sequencialmente finalizando seus personagens e alguns artistas Bate-bolas que ainda não haviam completado os seus entregaram as últimas finalizações. O orientador do projeto, Gamba Junior, sugeriu que se usasse sempre a representação do asfalto como base para todos os personagens, por ser o ambiente natural de brincadeiras e desfiles dos Bate-bolas: a rua. O grupo usou lixas grossas coladas em retângulos de MDF (medium density fiberboard - placa de fibra de média densidade, tradução livre) para essa representação, e o acréscimo dessa peça possibilitou uma continuidade na arte de cada um dos objetos. Assim, o tema proposto por um artista transbordava os limites de sua peça e aparecia também em seu suporte, em seu "asfalto".
Cada um dos personagens teve seu desenvolvimento especial e único, promovendo o acúmulo de experiências e aprendizagens em suas confecções. O tema Reciclagem/Inovação, desenvolvido por Priscila Andrade e Lilly Viana, como um exemplo que diferiu das interferências que fizeram uso de tintas, foi o caso de um personagem que, em sua produção, foram utilizados materiais têxteis: retalhos e plumas, tecidos especiais e luzes de led, Assim como sua máscara, que foi produzida com a mesma malha metálica usada nas reais máscaras de Bate-bolas.
Para a exposição, além dos novos suportes, cada acessório - composto da bola e sua haste - teve que ser customizado de acordo com seu personagem e tema. Além disso, foi redigido um texto para cada peça, que estaria tanto na apresentação do congresso quanto em placas que elucidavam os toys individualmente aos espectadores da exposição. Por fim, foi criada uma identidade visual, e sua aplicação em cartazes e panfletos representou o fechamento dos trabalhos relacionados à exposição do México. Após embalagem cuidadosa, as peças foram transportadas à Cidade do México e a exposição montada.
A receptividade do trabalho foi surpreendente, despertando curiosidades inesperadas em um público estrangeiro que nunca teve oportunidade de contato com essa manifestação cultural.
Algumas questões foram levantadas, como, por exemplo, o porquê de os toys não terem sido produzidos com o uso da impressão em 3D, ou mesmo curiosidades sobre o que exatamente eram os Bate-bolas, em comparação com suas manifestações culturais locais. A cada questão, outras questões eram levantadas pela própria equipe e conclusões sobre acertos e erros se entrelaçavam e pairavam.
Certificados da Universidad Iberoamericana foram entregues aos criadores de toys individualmente em mais um encontro presencial com o grupo, onde a exposição foi simulada no mesmo formato que teve na Cidade do México, acrescentando, assim, legitimidade acadêmica a suas participações fundamentais, aproximando um pouco mais a academia dos artistas componentes das equipes de Bate-bolas. Dois universos que comumente são vistos como opostos e de impossível contato.
No mês seguinte mais uma oportunidade de expor o trabalho aparece. Dessa vez, em um evento do Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (INEPAC), na Biblioteca Parque no centro da cidade do Rio de Janeiro. Assim, o trabalho do grupo DHIS mostra-se, também por inteiro, no I Seminário Patrimônio Imaterial INEPAC, com seus diversos olhares, a partir do design, para os Bate-bolas, e a exposição de toy arts é montada novamente. Ali, pesquisadores do DHIS participam, junto com alguns cabeças de turma, de um seminário que defende o Bate-bolas como patrimônio material da cidade.
Nesse seminário, o retorno de informações sobre o impacto dos toys no público foi de uma intensidade muito diferente da observada no México, tendo suma importância para a validação das opções seguidas na produção do experimento da tese. O público era - em sua grande maioria - formado por pessoas do subúrbio do Rio de Janeiro, que têm ou tiveram contatos pessoais e afetivos com a manifestação cultural dos Bate-bolas. Muitos se emocionaram, muitos relataram suas experiências com as brincadeiras de rua, alguns reconheceram nos trabalhos elementos de suas fantasias de Bate-bolas na infância e na juventude, houve algumas ideias para a comercialização desse produto por pessoas que gostariam de ver tais objetos em lojas, e muitos registraram o evento com fotos e posts em tempo real.
A exposição dos toy arts Bate-bolas mostrou-se potencialmente importante na divulgação e materialização do trabalho desenvolvido pelo grupo DHIS e tem como projeto de continuidade sua versão completa, quando o segundo personagem, Rodado Saia, será também distribuído para outros segmentos de artistas e designers, para que seja també customizado e interferido artisticamente.
Como uma primeira conclusão, a exposição INEPAC revelou a existência de um público significativo que tem as festas e brincadeiras Bate-bolas como parte de sua cultura estrutural e componente do conjunto de memória lúdica acumulada. Essa plateia vê as manifestações dos Bate-bolas com olhares de admiração, sente falta e traz uma nostalgia que a reporta a seus dias de infância. O potencial para a comercialização da coleção toy arts Bate-bolas mostrou-se, muito inicialmente, nesse olhar comum entre todos os que, em suas infâncias e juventudes, tiveram contato com essa manifestação.
Esta publicagao é urn dos resultados do projeto de pesquisa Mascarados Afroiberoamericanos do mestrado de Paula Cruz, feito pelo LaboratOrio de Design de Historias (Dhis) no Departamento de Artes e Design da PUC-Rio.
Realizacao DHIS / PUC-Rio Mascarados Afroiberoamericanos
Coordenação Geral: Gamba Junior
Pesquisa de mestrado: Humberto Barros
Conteudo: ORGANIZACAO GERAL DHIS / PUC-Rio
COLABORADORES
BATE-BOLAS: Luciano, Sergio de Oliveira, Gilson Carvalho da Silva, Anderson Buda, Fabrizyo Castilho, Tia Regina
CARETOS DE PODENCE: Luis F. Costa
GANDHIS Gamba Junior
Humberto Barros
Marcely Soares
Miguel Carvalho
Paula Cruz
Priscila Andrade Andre Amaral
Davison Coutinho
Desiree Bastos
Lilly Viana
Camilla Serrao
Aline Jobim
Nathalia Valente
Igor Ceciliano
Ricardo Ferreira
Simone Formiga
Monique Bezerra (UFF)